Futebol e política: países não reconhecidos pela FIFA

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O Globo Esporte publicou hoje uma matéria sobre a Copa do Mundo da ConIFA, a Confederação das Associações de Futebol Independente. É a segunda edição da competição que é usada como uma plataforma política, mostrando, como sempre destacamos aqui, a dimensão do futebol como algo muito maior do que só um esporte.

A matéria do GE é boa, recomendamos a leitura, mas fazemos um aprofundamento aqui.

Na foto, retirada da matéria, vemos a seleção da Abecásia, atual campeã do torneio, em sua partida de estreia contra o Tibete. Ambas as regiões têm fortes lutas separatistas e buscam o reconhecimento internacional, usando a Copa para colocar suas causas em destaque na mídia.

Mas olhando um pouco melhor a tabela, vemos que entre os 16 participantes do torneio também está Tuvalu. Ora, Tuvalu é um país amplamente reconhecido como soberano, membro da ONU, disputa olimpíadas… Eis o primeiro pecado da matéria, generalizar que o campeonato e a organização é voltada para países que buscam reconhecimento.

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Seleção de Mônaco que venceu o Vaticano em 2013.

Embora a maioria dos membros da ConIFA possa se enquadrar nesse aspecto, não é exatamente uma regra. A ConIFA se diz uma confederação para organizar o futebol de seleções que não são membros da FIFA, nada mais. Claro que isso vai incluir os países sem reconhecimento dos demais e que, por isso, são barrados da FIFA. Mas também inclui o próprio Tuvalu, Kiribati e Mônaco, países da ONU que simplesmente não entram na FIFA por falta de interesse próprio ou entraves burocráticos.

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Seleção da Groenlândia em 2015

Outros membros da ConIFA não lutam por independência (pelo menos não tão ativamente), simplesmente são regiões ultramarinas ou autônomas de seus países ou que tem uma identidade própria. Caso, por exemplo, da Groenlândia, país autônomo dentro do Reino da Dinamarca (e parte da Dinamarca para a FIFA).

O próprio atleta da Abecásia na matéria sonha com o dia que seu país seja reconhecido e possa ingressar na Fifa.

Vale lembrar que a ConIFA existe desde 2013, mas sucede a NF-Board, que organizava a Copa do Mundo VIVA. Houveram 5 edições.

De qualquer forma, repetimos: a apropriação do futebol pela política sempre existiu e sempre vai continuar existindo.

Para saber mais:

https://en.wikipedia.org/wiki/Viva_World_Cup

https://en.wikipedia.org/wiki/ConIFA_World_Football_Cup

Agradecimento ao meu amigo e grande conhecedor do futebol Thiago Fonseca, pela indicação.